Sobre o método:

O empirismo é descrito-caracterizado pelo conhecimento científico, a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das idéias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados; pela relação de causa-efeito por onde fixamos na mente o que é percebido atribuindo à percepção causas e efeitos; pela autonomia do sujeito que afirma a variação da consciência de acordo com cada momento; pela concepção da razão que não vê diferença entre o espírito e extensão, como propõe o Racionalismo e ainda pela matemática como linguagem que afirma a inexistência de hipóteses.

por Wikipedia

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Semiótica da Espiritualidade

"II. A Razão
I. Desde que a verdade é supra-racional, qualquer afirmação racional é falsa.
II. Que o estudante contradiga toda proposição que se apresente a ele.
III. Sendo assim expulsas da mente as idéias racionais, haverá espaço para a apreensão da verdade espiritual.
Deve notar-se que isso não destrói a validade dos raciocínios em seu próprio plano".

Trecho de Carta aos Probacionistas, de  Aleister Crowley

Apropriando-se da validade do raciocínio encontrado na trindade, disposta de formas diferentes na mística de diversas religiões do mundo, apresento o esquema semiótico de Charles Sanders Peirce, explorando o método proposto por mim para desenvolver os temas abordados nesse espaço.

"Semiótica é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação".


Nas palavras de Lucrécia D’Aléssio Ferrara em Leitura sem palavras

"Signo / Objeto / Interpretante são entidades interdependentes, mas não submissas entre si; nesta cadeia, os três elementos são irredutíveis um ao outro porque designam instâncias particulares de um processo de significação que compreende os três elementos simultaneamente. O signo está no lugar do objeto e o representa para alguém; o objeto é representado pelo signo, que transmite sobre ele alguma informação; o interpretante é a relação que o intérprete estabelece entre o objeto e o modo como o signo representa esse objeto; logo, não é possível confundir interpretante e intérprete".

Dessa forma, tendo uma idéia como objeto, ela será intangível sem um signo correspondente. Tendo como objeto A mente vivente do todo, O Altíssimo, A Unidade, O Origem, O Não-nascido; os deuses ou entidades conhecidos atuam como signos desse objeto. São facetas do deus único transmitindo informações sobre uma parte desse objeto.

"Toda representação é uma imagem, um simulacro do mundo a partir de um sistema de signos, ou seja, em última ou em primeira instância, toda representação é gesto que codifica o universo, daí se infere que o objeto mais presente e, ao mesmo tempo, mais exigente de todo processo de comunicação é o próprio universo, o próprio real. Dessa presença decorre sua exigência, porque este objeto não pode ser exaurido, visto que todo processo de comunicação é, se não imperfeito, certamente parcial. Assim,corrigindo, toda codificação é representação parcial do universo, embora conserve sempre, no horizonte da sua expectativa, o desejo de esgotá-lo".

Assim como visto no esquema de Peirce, aquilo que é manifestado (não necessariamente no plano material denso) é como posto por três princípios. Essa tríade é também vista, de forma análoga, na estrutura de diversos sistemas espiritualistas. Na kaballah: Kether – Chockmah – Binah, no Cristianismo: Pai – Filho – Espírito Santo, no Hinduísmo: Om - Tat - Sat, e até na Natureza palpável: Energia – Massa – Velocidade da luz no vácuo.

Como todo processo de comunicação é então parcial, na tentativa de se atingir o deslumbre do Objeto em sua totalidade, métodos espiritualistas foram desenvolvidos. É um processo de “expulsar da mente idéias racionais” como proposto por Crowley. Superando a Compreensão (Binah) e a Sabedoria (Chockmah), conquista-se a coroa (Kether). Eliminando o condicionamento através da dissolução do Ego, a super-consciência é alcançada. Desfazendo a forma e a propagação de uma idéia, encontra-se a origem de todas as idéias. Eliminando a dualidade, a Unidade é deslumbrada.

Referências: Carta aos Probacionistas - Aleyster Crowley, Leitura sem palavras - Lucrécia D’Aléssio Ferrara, Wikipedia.

Um comentário:

  1. Como linguista e estudioso de magia, posso garantir que foi muito bem colocado. Uma perfeita complementação ao meu texto: http://ericsouzablog.wordpress.com/2013/06/05/analise-semiologica-e-psicologica-do-ritual-magico/
    Luz!

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